terça-feira, 2 de janeiro de 2007

Sobre alguns livros

Eu queria comentar sobre esses livros separadamente, mas acabei ficando com uma extrema preguiça. Então vou falar rapidamente dos livros que li no final de 2006 aqui e dar uma notinha para eles, para não ficar assim, em branco, e eu acabar me esquecendo deles. As notas vão de 1 a 5.

Intermitências da Morte - José Saramago
Muito engraçado, embora para quem, como eu, não tinha lido nada de Saramago antes, o estilo vá parecer estranho. Plot interessantíssimo, como aliás é também o de outros livros dele, pelo que vi (Jangada de Pedra, por exemplo, é a história da Península Ibérica se destacando da Europa). Nota: 5.

Os Americanos - H.L. Mencken
É apenas um ensaio, mas transformaram em livro (uma edição portuguesa de 2005, se não me engano). Poderiam ter aproveitado melhor o livro e colocado mais coisas (as margens das páginas eram enormes, por exemplo). Mas o ensaio é top material - já comentei sobre ele aqui. Nota: 4.

Então tá, Jeeves - P.G. Wodehouse
Muito engraçado, o final é inesperado. Conta ainda com a piada dos dois ciclistas de uma bicicleta dupla, Nicolau e Jackson, que batem num caminhão e se despedaçam; como ninguém sabia quais eram os pedaços de cada um, remontaram uma pessoa só chamada Nixon. Han? Han? Nota: 5.

Sem Dramas, Jeeves - P.G. Wodehouse
Pior que o de cima, muito por conta da tradução, que é de alguém diferente. Também não conta com a piada do Nixon, o que enfraquece qualquer livro. Nota: 4.

Livro das Mil e Uma Noites, vol. 1 - ???
As histórias são realmente insólitas e espantosas, adjetivos que os árabes apreciam muito, a julgar pelo livro. O principal problema do livro é que muitas de suas histórias são repetitivas. Mas no geral, vale a pena, vou ler o volume 2. Nota: 3,5.

Crime e Castigo - Fiódor Dostoiévski
Damn good book, mas o Rodka não podia ter se dado mal. Mas temos Match Point para remediar isso, e tem a Scarlett (embora ela devesse ser mais Dúnia, não Sônia, mas eu concedo indulgência a Woody Allen). Nota: 5.

Twenty Thousand Leagues Under the Sea - Jules Verne
Verne listar dezenas de espécies, reinos, filos, famílias de animais (marinhos, na maioria) no livro é extremamente entediante. O ponto forte do livro são as aventuras diversas no fundo do mar, é o que salva a nota. O livro seria infinitamente melhor se tivesse um final decente, mas não tem - é um lixo (a propósito, o livro inteiro não tem a menor relação com o final; parece que Júlio Verne só cansou de escrever e disse "ah, vou acabar"). Nota: 2.

Don Juan - Molière
Nonsense séc. XVII-style. Hilário. Don Juan se casa com todas as mulheres que encontra e ainda arranja um tempinho para jantar com uma estátua - algo perfeitamente natural, porque ele é um cético. Nota: 5.

A Coisa Não-Deus - Alexandre Soares Silva
Eu já era fã do Alexandre por causa do blog, então eu gostei do livro, onde encontrei mais do mesmo (o que é ótimo). Muito engraçado. Nota: 4.

Go, João Mellão, mostra pra eles quem é o liberal!

Alguém manda uma cartinha para João Mellão perguntando o que é liberalismo e ele responde assim:
O autêntico liberal é aquele que se aceita como falível. Que quando falha admite seu erro e, ao errar, se dispõe a reconsiderar suas verdades.

(...)

Ser liberal, meu caro Denis, é acreditar no homem, no seu potencial construtivo, na sua capacidade de discernimento. Mas ser liberal é também reconhecer que o homem não é perfeito e que, quanto mais poder ele concentra individualmente, maiores são suas chances de errar e se corromper.
Não. Ser liberal é defender as liberdades individuais (econômicas e sociais), só. Espero ter ajudado, Denis.

Só mais um comentário:
O liberal autêntico desconfia do estado e, preferencialmente, defende a iniciativa privada. Já o dogmático se recusa a ver no estado qualquer virtude e acredita que a iniciativa privada é sempre eficiente, construtiva e eficaz.
Isso não é verdade. Eu sou muito dogmático e mesmo assim consigo ver virtudes nas piores coisas do mundo. A Máfia é uma gangue de criminosos, mas dão bons filmes. Talvez o governo dê bons filmes também (essa é uma virtude, certo?).